ESTUDO DO MEIO: 1 - Deserto Verde; 2 - Erosão
A expressão "deserto verde" ganhou ampla
destaque na mídia nacional e internacional, especialmente na rede mundial de
computadores, na denominada "mídia alternativa".
O que é afinal
o "deserto verde" e como podemos conceituá-lo para vincular e
compreender os assuntos a ele pertinentes?
Temos no
Brasil como em nenhuma parte do resto do mundo, imensas propriedades
especializadas no cultivo de um só produto, com alta tecnologia, mecanização -
às vezes irrigação - pouca mão-de-obra, e por isso, falam com orgulho que
conseguem alta produtividade do trabalho. Tudo baseado em baixos salários, uso
intensivo de agrotóxicos e de sementes transgênicas.
Voltado para
exportação, principalmente para indústria de papel e celulose, o deserto verde
vem crescendo a partir da produção principalmente de eucaliptos e de soja e tem
se expandido por diversas regiões do Brasil.
Com relação ao
eucalipto, atualmente 100% da produção de papel e celulose no Brasil emprega
matéria-prima de áreas de reflorestamento, sendo de eucalipto (65%) e pinus
(31%).
Entretanto,
longe estamos de poder chegar à conclusão de que podemos ficar tranquilos e que
há preservação ambiental.
Segundo a
consultora de meio ambiente do Idec, Lisa Gunn, utilizar madeira de área
reflorestada é sempre melhor do que derrubar matas nativas, mas isso não quer
dizer que o meio ambiente está protegido. "Quando o reflorestamento é
feito nos moldes de uma monocultura em grande extensão de terras, não é
sustentável porque causa impactos sociais e ambientais, como pouca oferta de
empregos e perda de biodiversidade".
Sob o
argumento de reflorestamento, criam-se verdadeiros desertos verdes de produção
de madeira para fábricas de celulose. O eucalipto é a principal espécie dessa
estratégia e danifica o solo de forma irreparável: uma vez plantado, não é
possível retomar a fertilidade da terra e seus minerais. Além disso, as raízes
do eucalipto penetram nos lençóis freáticos, prejudicando o abastecimento de
água das regiões. Cada pé de eucalipto é capaz de consumir 30 litros de água
por dia.
De acordo com
algumas pesquisas científicas, a monocultura do eucalipto, por exemplo, consome
tanta água que pode afetar significativamente os recursos hídricos. Segundo
Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, organização
não-governamental que atua na área socioambiental, só no norte do Espírito
Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no
estado.
Outro indício
da devastação e do desequilíbrio ambiental causados pelo plantio de eucalipto é
o assoreamento dos rios, hoje praticamente secos, uma vez que a espécie consome
muita água. A falta d'água não aflige só os animais, como também impede a
produção de qualquer tipo de alimento. O amendoim cresce raquítico, o feijão
não se desenvolve, o milho não nasce, deixando claro que a improdutividade da
terra generalizou-se para além das áreas onde estão as plantações de eucalipto.
O plantio de
eucalipto em locais de baixa umidade chegou a secar poços artesianos com até 30
metros de profundidade, deixando a população local sem água. O eucalipto tem
alto consumo de água, pois tem uma grande evapotranspiração, podendo ressecar o
solo, secar olhos d’água, baixar o lençol freático, secar banhados, diminuir a
água dos pequenos córregos e riachos, etc.
As fábricas de
celulose são também grandes consumidoras de água, com uso de muitos produtos
químicos para o branqueamento da celulose, tendo sempre presente o risco de
acidentes ambientais.
Outro impacto
ambiental causado pelo monocultivo do eucalipto é a redução da biodiversidade
da flora e da fauna. O eucalipto causa também a degradação da fertilidade dos
solos, exigindo grandes investimentos de recuperação posterior à colheita e
compactação pelo uso de máquinas pesadas.
EROSÃO